Previsão

Noite passada choveu muito.

Pela janela, vi a água correndo pelas ruas.

Seguia seu caminho, cada vez mais rápido. 

Impiedosa. Dona de si.

Levava com ela galhos, folhas tristes, caixas de papelão, sujeira.

Meus olhos fitavam uma pintura fria, um quadro cinza e infeliz.

Com a água, um pouco de mim também ia embora.

Talvez seja normal pensar que todo dia um pouco da gente se despede daqui.

E é mais fácil aceitar do que tentar juntar os cacos.

Deixar de rever todos os valores, antes que a conta não feche mais.

Mas deu no jornal que amanhã vai fazer um dia quente.

Eu vi também os velhos do bairro comentando.

Vou acreditar no sol batendo na minha cara.

Na previsão do tempo, do espaço e até da matéria.

E, mesmo que eu vá para um lugar que nem sei,
ou mesmo que uma parte já não seja mais como era antes,
vou acreditar em mim.

Eu tenho que acreditar em mim.




















Comentários

  1. Estou esperando pra ver se algumas dessas partes que se vão com a chuva acabam sendo "substituídas" por outras, quem sabe, não é?
    Beijos rimados pra você :*

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