Não tão adorável psicose

A cidade treme.

O chão assume sua voz.

O teto desaba.

As janelas estilhaçam.

A casa cai.

O muro muda de lugar.

O medo toma conta de cada centímetro do meu corpo.

Cada osso meu parece esfacelar.

Sinto meu suor por toda a cama.

Envolto em um travesseiro velho e sem fronha, já não sei mais como se parece um lugar seguro.

Ouço minha respiração mais ofegante do que nunca.

E o coração batendo acelerado.

À minha frente, o confronto entre o que eu prometia ser e o que eu realmente me tornei.

Será que é certo escolher um lado nessa história?

Será que guardar rancor do que passou é mesmo o que devo fazer?

Será que esse barulho que toma conta dos meus pensamentos vai me dar descanso?

Será que rir da desgraça alheia faz com que a minha vida seja leve?

Será que eu não tô me enganando esse tempo todo?

Será que um dia deixaremos de tanto 'será?' e passaremos a ser sem tanto questionar?

Abro os olhos lentamente e vejo tudo no lugar.

Tomo um banho quente, aparo a minha barba, vejo no espelho um fio de esperança.

Amanhã vai melhorar.














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