Caixinhas

Paro pra pensar um pouco.

Respiro fundo: 1, 2, 3, 4, vem uma tosse seca.

Aperto os cintos, here I go again.

Acho que minha cabeça podia ser um conservatório.

Imponente, com aquelas vigas enormes sustentando.

Coisa linda, digna de um arquiteto renascentista dos bons.

Mas é apenas um mausoléu, bicho.

Tão sombrio como a morte.

Tão áspero como uma corda velha nas mãos do algoz.

Tão sem início e tão sem fim.

Aqui só entra ideia merda, nunca vi.

A deepweb das cabeças.

Mas é lá que vou separando tudo.

Política, cultura, memes escrotos, relacionamento, economia, as últimas do meu time do coração.

Vou encaixotando, até onde dá.

Às vezes, essas caixinhas desabam. 

É muita coisa pra processar, menino. Não dou conta, não.

E aí, fatalmente, eu misturo as coisas. 

Troco as bolas.

Falo coisas que não fazem o menor sentido.

EM VOZ ALTA.

Ouço coisas que fazem menos sentido ainda.

COM OS OUVIDOS SEMPRE ATENTOS.

Quando é que essa arrumação vai acabar?

Lé com lé, tré com tré, um sapato em cada pé.

E lá vem mais um catatau de bosta pra processar.

Por acaso, eu tô de brincadeira?

Paro pra pensar mais um pouquinho.

Dessa vez, vai sem respirar mesmo.

Não vale a pena, vou logo mandar tudo às favas.

Sou mais eu no meu travesseiro, de pijama velho e mente sã.

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