Sessão de terapia
Uma sala pequena no sexto andar de um prédio qualquer no centro da cidade.
Um sofá que me parece bem aconchegante, mas que nunca fui convidado a sentar.
Uma cadeira que me parece pouco ergonômica, curiosamente o único móvel que se apresenta pra mim.
Um facho de luz solar que invade o coração gelado da sala e dá cor às paredes desgastadas da saleta alugada.
Um cheiro forte de incenso toda vez que entro por aquela porta e que finjo não me importar, confiando no senso comum que diz que é pra afastar maus espíritos.
Um lugar pra afogar pesadelos, dos mais recentes aos que me perturbam há tantos anos.
"Me fale sobre você".
Começa o turbilhão.
Gavetas sendo reviradas pra definir o que fica comigo e o que devo jogar fora.
Lágrimas querendo correr o rosto inteiro.
Como é duro reconhecer certas coisas.
Como é duro reconhecer certas coisas.
Folhas e mais folhas pra escrever sobre decepções, cruzando um oceano de olhos vermelhos pra chegar até um refúgio.
E eu vou chegar lá. Esse refúgio ainda vai ser a minha morada.
Ah, se vai.
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