Venenosa

Entra ano, sai ano e o amor continua vitimando vários por aí. 

Quem não foi pego, que atire o primeiro coração intacto.

Enquanto nos deparamos com todas as canções e todos os filmes de romance que falam sobre o amor e quão maravilhoso é amar alguém, existe uma multidão que já sofreu por ele e continua procurando por aí. 

O amor é um ímã que chega chegando, grudento. 

Mas tem hora que não cola mais. 

Aí chega um outro otário achando que ainda consegue fazer colar aquilo que já não presta mais para nós. Tenta a sorte, vai que dá certo.

O amor pode fazer maravilhas, pode ser a melhor coisa que alguém tem no mundo, pode reconstruir o caráter de um legítimo vagabundo, pode nos fazer sonhar mais alto, pode nos deixar mais autoconfiantes.

Chega uma hora que não há como suportar tamanhas mudanças ou diferenças em quem a gente sempre quis, em quem a gente sempre achou que teve. 

Aí o amor vira uma merda mesmo. 

Não só o amor, mas a pessoa, a tua vida, a porra toda. 

Tudo, absolutamente tudo se resume a um grande desastre, daqueles que a gente passa num pesadelo e não deseja nunca que aconteça pra ninguém. 

O que a gente faz quando o amor desgasta? Qual é o próximo passo, aquele que vem depois de quando ele se despede da gente?

Se você me perguntar se eu já amei, eu digo que ainda amo. O amor é um câncer e eu vou carregando pro resto da minha vida, já esperando que não vou resistir a mais encantos e prantos em frente à tevê. 

Eu me pergunto quase todo dia se eu preciso esperar tanto para acontecer algo ou se eu mereço mesmo ser tachado como um canalha que vive fazendo as pessoas de marionetes neste grande teatro que é minha vida, com um cenário decadente e máscaras encardidas com a poeira da cidade.

Não quero pensar, mas penso. 

Quantos corações quebrei nessa brincadeira? 

Quantos 'veja bem' já não precisei criar pra sair de uma situação da qual não queria passar? 

Quanto sofrimento eu poderia ter evitado? 

Quantas caras eu precisarei ver viradas contra nós, até que o amor cumpra sua promessa de ser sempre intenso enquanto dure? 

Cara, mas que bobagem. O amor não promete nada. 

Quem promete é a gente, na esperança de contar com o amor mais uma vez. 

Na verdade, o amor é isso aí que a gente tá acostumado: uma eterna incógnita, que só funciona sem prioridade.

Até que as lágrimas sequem e a forte vontade de ter aquela pessoa ao seu lado - mais uma vez, pela primeira vez, como se fosse a primeira vez ou como se fosse a última vez - deixe de se manifestar, o amor ainda tem longo tempo para aprontar suas peripécias.

O amor é um vício, e a gente sustenta ele porque gosta.

Comentários

  1. É complicado mesmo definir tudo que esse sentimento trás pra nós! E o melhor de tudo, é que mesmo com todas essas complicações, a gente sempre gosta de senti-lo, não é mesmo? Amei o post. Beijão!

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