Souvenir

Durante muitas semanas, deixei pra lá tudo isso aqui e procurei ouvir tudo o que pudesse me animar ou despertar algum sentimento oculto lá no fundo da minha alma. 

Procurei ouvir de tudo, sem filtro mesmo. E cruzei com muita coisa boa pelo caminho, como também me decepcionei com uma porrada de asneira. Mas senti que precisava ouvir muito mais para expressar aquilo tudo que estava guardado há tanto tempo que já tinha formado raiz. 

E quando a gente sabe ouvir, a gente passa a entender não somente as razões pelas quais os outros estão por aí, mas também a notar que cada pessoa é mesmo um infinito. Essa é a grande sacada. O grande acontecimento somos nós. O que rege a vida de um não exatamente vai ser o que rege a vida de outro. 

E quando a gente alinha essas coisas, sabe respeitar, uma coisa mágica acontece: a sensibilidade de entender o outro. Tem gente paquerando a tal da sensibilidade há um tempão. É preciso dela para tudo. Aí a gente viaja nisso. Alguns viajam pra caralho e parece nunca ter fim, outros se sentem mais confortáveis em uma viagem curta e sem muita história para contar. 

Por muito tempo, deixei que minha vida fosse tocada como se fosse um samba atravessado de arranjos descompassados. Não mais. Agora eu sei ouvir. Minha vida era um marasmo só, mas hoje tem ritmo. Caótico, talvez. 

Quem diria? Eu diria.

Tudo o que ouvi tornou-se um canto só. É bonito dizer isso, viver isso é incrivelmente melhor. Tenho aprendido a sentir mais isso. Tarefa fácil só aos que levaram a sensibilidade para casa. Foi o presentinho que comprei na minha última viagem. Fim.

Fim de quê? Fim do marasmo. Fim da dúvida. Fim da angústia. Fim da página. Fim da linha. Fim do fim.