19

A quem não me conhece, a quem acha que me conhece, a quem me encontrou por aí e já diz me conhecer, este texto é pra vocês. 

Eu gostaria de me apresentar, ainda que tenha que fazer isso de tempos em tempos.

Nasci em Curitiba, no dia 30 de julho de 90. Meus pais dizem que foi a madrugada mais fria daquele ano. Nasci com cabelos extremamente escuros, pesando pouco mais que quatro quilos e medindo 52 centímetros. 

Quando as enfermeiras me trouxeram limpo, pequeno, vivo aos meus pais, a primeira coisa que meu pai fez foi beijar meu nariz, me erguer e dizer: "Meu filho, você é lindo. Cara, você é lindo". Minha mãe, emocionada, simplesmente assentia com a cabeça.

O tempo passou, eu fui crescendo e conhecendo tudo aos poucos. Quando chorava, conseguia com muita facilidade as coisas. Quando mordia, brigava ou fazia malcriações, apanhava dos meus pais (apanhava, não; tomava correção). Ironicamente, chorando de dor eu não ganhava nada.

Aos poucos, fui aprendendo que, quando fazia algo errado, não merecia receber presentes ou doces. Chamam isso de discernimento, que é - ou deveria ser - adquirido por nós com pouca idade. Um tipo de ensinamento permanente.

Quando eu ia à praia, minha mãe me entupia de protetor solar e recomendava que eu ficasse nadando na beiradinha. E lá ia eu, depois de um tempo, me aventurar mais para o fundo do mar. Os salva-vidas de São Chico e Camboriú devem ter cansado de me resgatar lá no fundo, quando dava alta-temporada.

Em 93, no dia 31 de maio, nasceu minha irmãzinha. Minha mãe perguntou qual nome eu gostaria de dar à mais nova integrante da família. As opções não eram muitas: eu deveria escolher entre Fabiana ou Giovana. Eu, muito experiente, ao longo de meus dois anos e cinco meses, exclamei: "Fabiana!". E assim ficou. Como ela apanhou de mim, coitadinha. Hoje somos irmãos de verdade, ainda que com algumas diferenças na maneira de ser. Mas nos amamos muito e nos entendemos de um jeito muito foda.

Aos 4 anos, eu já era um terror. Bonitinho, cabelinho tigela, olhos azuis, algumas sardinhas espalhadas pelo rosto. Mas, ainda assim, um terror. Gostava de morder meus colegas, arranhar, socar, destruir. Eu quebrava coisas também. Várias coisas, que quase nunca eram minhas.

Lembro que tinha um boneco em forma de dinossauro, o Baby da Família Dinossauro. Eu puxava uma cordinha e o Baby tinha algumas falas. Infelizmente, quando tive uma crise de raiva, o Baby não sobreviveu ao meu instinto feroz. Hoje vejo que perdi o Baby por besteira.

Dos 4 aos 7 anos, eu continuava sendo aquele mesmo menino agressivo, bagunceiro e bonitinho. Fui perdendo amigos. Acabava sempre batendo em todos, porque gostava de ouvir choros de pessoas diferentes. Vai entender, né?

Estudei em um dos colégios mais tradicionais daqui de Curitiba, o Bom Jesus da Aldeia (que não era bem em Curitiba, mas em Campo Largo). Era um dos mais caros também, por sinal. Alguns pais de amigos meus acabaram não fazendo a rematrícula no ano seguinte, justamente por minha causa. O que eles alegavam era que "enquanto o Fábio estiver estudando aqui, meu filho não voltará". Eu era doente, só pode.

Frequentei uma psicóloga e acabei melhorando um bocado. A psicóloga, tão bondosa e paciente, acabou me ensinando o Hino Nacional. Era engraçado, porque eu chegava em algum lugar e já começava a cantar. Queria mostrar pros outros o que sabia fazer. 

Mas ir à psicóloga não me impediu de cortar os fios de interfone do condomínio onde morava, nem mesmo de jogar pedras e quebrar vidraças de vizinhos. Fazia isso com uma alegria que vocês não têm ideia. Fazia isso com muito gosto e um brilho nos olhos bastante perturbador.

Aos 8 anos, meus pais passaram por uma fase financeira meio conturbada. Eu, que sempre tive do bom e do melhor, acabei me transferindo para uma escola municipal. Sem drama, vamo que vamo. 

Acreditem: foi uma das melhores fases que eu já passei em toda a minha vida. Fui bem aceito, fiz vários amigos e, com apenas 9 anos, beijei de língua pela primeira vez. A garota tinha 11 anos e eu era bem apaixonadinho por ela. Enfim, acabamos ficando, mas foi só uma vez mesmo. Morríamos de vergonha. Cara, como minhas pernas tremiam. Como aquilo funcionava tão bem? Será que era certo como eu tava fazendo?

Aos 10 anos, já não poderia mais me considerar tão bonitinho. Meus dentes cresceram absurdamente e meu cabelo, que era super liso, eu acabei raspando na maquininha. Era bem a época da Carolina Dieckmann, em Laços de Família. Como é ruim a gente ser influenciável, viu? 

Eu usava roupas meio estranhas, não tinha um estilo definido ainda. Usava o que minha mãe comprava. Nessa época, eu havia mudado de casa e, para minha sorte, tinha uma vizinhança cheia de amigos. Quase todos os dias tinha festinha lá em casa. Mas festinha de criança, lógico. Minha irmã chamava as amigas para brincar de boneca e eu chamava os meus amigos para jogar futebol, num quintal concretado que me dá saudade até hoje.

Aos 11 anos, tive a felicidade de ir até São Caetano do Sul e ver meu time do coração, o Clube Atlético Paranaense, ser campeão brasileiro de maneira inédita. Tinha um vizinho que torcia para o arquirrival, o Coritiba. Era só provocação e às vezes a porrada comia solta. No outro dia, a gente já tava de bem, jogando gol a gol no quintal lá de casa.

Foi aos 11, também, que conheci outras garotas. "Verdade ou desafio", festinhas promovidas por amigas da escola, saídas pra jogar boliche, enfim. Por conta de tantas festinhas, acabei pegando recuperação pela primeira vez em minha vida. Meus pais, sempre acostumados a receber boletins com notas altas, ficaram muito decepcionados. Mas recuperei. Depois disso, cansei de ficar em recuperação - só em matemática. Graças a Deus, nunca reprovei.

Dos 11 aos 14, muita coisa aconteceu. Eu conheci mais garotas, arrumei umas brigas bobas, experimentei cigarro e bebida pela primeira vez, arrumei a minha primeira namoradinha, fui traído pela primeira vez, perdi minha virgindade do jeito mais bizarro possível, entre outras coisas. O tempo voou e eu já estava indo pro Ensino Médio.

Com 15 anos, meus pais me matricularam num outro colégio tradicional. Eu havia me batizado na igreja também, sentindo que estava ganhando mais responsabilidade. Porém, também comecei a conhecer outras coisas. Foi assim que experimentei maconha pela primeira vez. Lembro que tossi feito um idiota e vi meus olhos marejados, vermelhos. A primeira vontade que tinha era comer tudo o que aparecesse na minha frente. Também namorei uma garota de Guarapuava, cidade daqui do norte do Paraná. O namoro não durou 4 meses, mas tudo bem. Acho que dá pra dizer que foi bom enquanto durou.

No dia primeiro de janeiro de 2006, conheci uma garota. Não uma garota qualquer, não. Uma garota que mexeu demais comigo. Quem me conhece, sabe de quem eu estou dizendo. E foi uma garota que eu amei pra caralho (acho que posso dizer que é sempre amor, mesmo que mude). Nós namoramos por muito tempo. Se eu for contar as idas e vindas, foram quase 4 anos juntos. Terminamos. Infelizmente, muita coisa impediu a gente de ser feliz juntos. Inclusive falhas minhas, por pura imaturidade. Mas foi meu primeiro amor.

Aos 16, fiz alguns trabalhos como figurante em videoclipes e comerciais de tevê. Decidi que queria começar um curso técnico de Publicidade e Propaganda. Foi uma das melhores coisas que eu fiz. A propaganda é um troço apaixonante, mas só para quem tem vontade de morrer pobre, estressado e fodido (só pra afastar concorrência).

Com 16 pra 17 anos, comecei a trabalhar com meu pai. Empresa grande, responsabilidade e um troquinho no final do mês? Bora. Eu estava bem animado para começar a ter meu dinheiro e tentei dar o meu melhor. O que era pra ser só um mês como estagiário, virou um ano. Saudades de quando trabalhar parecia tão tranquilo.

Com 17, também conheci outra garota que mexeu comigo. Ia até a casa dela, conhecia os pais dela, alugávamos filmes e curtíamos quase que as mesmas coisas. Só que eu estava naquela fase de término de namoro, querendo curtir e conhecer outras garotas. Resumindo a ópera: conheci muitas e abri mão do que tinha com ela. Quando caí na real e comecei a querer algo mais sério com alguma garota, ela já estava namorando outra pessoa. Paciência, a gente tem que saber perder também.

Completei 18 anos, tinha voltado com a minha ex e acabei não conseguindo continuar. Achei que no auge da minha sabedoria (risos), muita coisa tinha mudado entre a gente. Disse a ela que não queria machucá-la, mesmo sabendo que queria voltar a namorar sério. A gente vai fazendo cada merda que fica difícil defender. Não sei, algo me confundiu na época.

Com 18, eu também desfilei no Crystal Fashion. Este evento aí era um dos mais badalados do mundo da moda aqui em Curitiba. Foi aí que conheci de forma mais profunda o mundo da moda e seus encantamentos volúveis, mas nunca quis me entregar a isso.

Hoje, com 19, olho pra trás e percebo que vivi muitas coisas boas. Lógico, também poderia ter sido melhor no passado, mas assim não teria chance de reverter. Já chorei, já sofri, já me emocionei, já caí, já senti muita dor, já mudei pra melhor o dia de alguém, sei lá, muita água já correu.

Minha vida não se resume a isso. Ela é muito mais que simples linhas - talvez - bem escritas sobre o que aconteceu comigo até aqui, os melhores momentos até aqui. Mas, por ora, isso basta. Sigo vivendo, porque cada dia é uma história diferente.

"Deixa ser. Como será?
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés, em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê."

Comentários

  1. tambem sou daqui de curitiba e a minha melhor fase foi da quinta a oitava em um colégio estadual,era irado,foi uma época bem parecida com a sua huahaauahua beijaao

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  2. Haha, de nada, de nada. Brincadeira, meu anjo!
    Sua história é alucinante, sinto-me uma verdadeira inútil que tanto reclama da vida. Haha. Um tanto quanto engraçada, quanto séria. O amor familia, as típicas histórias das brigas no colegio, como no primeiro beijo, ou até mesmo descobertas quando se está entrando no ensino médio. Tudo, como sempre, bem parecido ao que ocorre comigo hoje em dia!
    Admiro sua personalidade, Fábio!

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  3. Eu não queria ser os seus pais na sua época ducapeta, sério. HSDOIHSDIODSHIDS Admiro sua personalidade, Fábio! [2]

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  4. Nossa, virei fã do blog logo de cara*_* Fábio, pelo amor de quem, você escreve muito bem! E essa sua biografia hein? Se um dia eu virar a jornalista que eu quero, vou te procurar pra transformar em livro:D
    Beijinhos, adorei mesmo!

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  5. Achei muito legal a sua autobiografia.Achei em alguns pontos você meio parecido comigo..mas eu sou 2 anos mais nova, tenho 17 apenas!
    Bom quando postar no blog de novo avisa no twitter que eu comento mais...
    Boa sorte na vida Fabio

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  6. Muito legal o texto, você escreve muito bem! :D

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  7. Eu amei o texto... Achei muito bacana você resumir sua vida dessa forma simples e com aparente honestidade! Confesso que dei umas risadas com a descrição da sua infância, senti pena das pessoas que viviam a sua volta! Mas na verdade o melhor de tudo foi saber um pouco mais sobre você
    Como já havia dito no outro comentário você escreve realmente bem, e eu estou aqui acompanhando fielmente! Espero que poste amanhã novamente, rsrsrs!
    Beijos ;D

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  8. li pelo mesnos umas três vezes "conheci garotas, haha. Gostei do texto, engraçado, escreves bem (Y)

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  9. Muito legal tua autobiografia! Coitado de quem teve que te aturar quando vc era pequenininho! poakspoakposkas
    Você escreve super bem!
    Tô sempre acompanhando o blog!
    beijo :*

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  10. Come up to meet you, Tell you I'm sorry
    You don't know how lovely you are
    I had to find you, Tell you I need you
    And tell you I set you apart
    Tell me your secrets, And ask me your questions
    Oh let's go back to the start

    Running in circles, coming tails
    Heads on a silence apart

    Nobody said it was easy
    It's such a shame for us to part
    Nobody said it was easy
    No one ever said it would be this hard
    Oh take me back to the start

    I was just guessing at numbers and figures
    Pulling the puzzles apart
    Questions of science, science and progress
    Do not speak as loud as my heart
    And tell me you love me, come back and hold me
    Oh and I rush to the start

    Running in circles, Chasing tails
    Coming back as we are

    Nobody said it was easy
    Oh it's such a shame for us to part
    Nobody said it was easy
    No one ever said it would be so hard
    I'm going back to the start

    Aah oooh ooh ooh ooh ooh

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  11. eu simplismente amei, sério mesmo.
    você deixou sua história de vida, engraçada, simples e gostosa de se ler!
    fiquei apavorada com o seu instinto infantilmente feroz que acabou com o baby! :/
    isauoasuosaisauiosa.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. "Com dezessete, também conheci outra garota que mexeu comigo..." O FÁH É E SEMPRE SERÁ PERDIDAMENTE APAIXONADO PELA MINHA LINDA AMIGA BIANCA MAYER RAMOS QUE RECENTEMENTE ROMPEU COM O THIAGO MELLO, O QUE OS TORNAM LIVRES E DESIMPEDIDOS PARA SÓ DEUS SABE... HAUEHAUEHAUE POIS É MENINAS O NOSSO AMIGUINHO ESCORREGADIO JÁ TEM DONA, ESQUECERAM DE LER NA COLERINHA???

    XOXO... GOSSIP GIRL BRASIL!

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  14. Bem profundo esse texto no qual voce faz um resumo simples de sua vida,mas que nao resume nessas linhas...adorei seu blog Fah...bjiin

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