Coleção

Sou novo ainda. Apesar de tudo e de todos, posso dizer isso. O tempo ainda não foi tão maquiavélico comigo, muito embora eu já me prepare pro pior.

Sou forte ainda. Apesar de tudo e de todos, posso dizer isso. As feridas do que já passou, em pouco tempo, cicatrizaram. Algumas delas nem chegaram a fazer cócegas, outras demoraram um pouquinho mais para me deixar em paz. Tenho tudo inteiro, pleno, vivo. Ainda. Por isso, agradeço.

Sou feliz ainda. Apesar de tudo e de todos, posso dizer isso. Procuro estar próximo de gente que também seja feliz, que traga consigo um riso fácil e uma lição de vida que toque meu coração. E, se eu tivesse apenas um pedido para fazer, seria felicidade até o meu último segundo aqui no mundo.

Sou magro ainda. Apesar de tudo e de todos, posso dizer isso. Mas quando a fome pega mesmo, trato de mandar um quilo de comida bem feita pro meu estômago se divertir. E ele trabalha por horas e horas e horas. Eu engano bem. 

Tenho fome de outras coisas também. Sensações, experiências, momentos, sonhos. E se precisar me alimentar disso tudo, vai mais de quilo.

Por que eu estou falando disso tudo, afinal? Porque tudo, absolutamente tudo que aconteceu em minha vida até agora, quando colocado na teoria dos conjuntos, forma alguma coisa.

Algum símbolo.

Alguma identidade.

Algum gesto.

Algo de valor.

Algo que me faz estufar o peito de tanto orgulho.

Algo que me enche os bolsos de profunda vergonha.

Algo que me completa.

Algo que me derruba.

A vida é uma coisa muito fascinante. Como pode alguém detestar matemática, mas pensar em teoria dos conjuntos o tempo todo? 

Tem coisa que sai como uma matéria bruta, primitiva. Onde quer que eu vá, seja lá o que for, custe o que custar.


Este sou eu. 

Esta é minha coleção.

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